Pareceres

Pareceres sobre livro Villa-Lobos e a Música Popular Brasileira - Uma visão sem preconceito

"Foi com muito gosto que recebi seu belo e consistente trabalho sobre Villa-Lobos. Você continua a mesma pesquisadora diligente, refinada e incansável de quem um dia, já lá vão alguns anos, recebi na Funarte os originais que nos traziam de volta a vida e a obra de Jacob do Bandolim. Parabéns, mais uma vez, por sua inestimável e lúcida contribuição à música brasileira. Receba o carinho de seu leitor e admirador". Ivan Junqueira - Presidente da Academia Brasileira de Letras.

"Em sua obra, Ermelinda junta rigor acadêmico e ampla pesquisa com um texto acessível, em que ficamos sabendo que, na segunda década do século passado, muito jovem e empobrecido pela morte prematura do pai, Villa-Lobos vendeu livros raros que herdara para pagar uma viagem pelo Brasil". Beatriz Coelho Silva - O Estado de São Paulo.

"A autora é uma conhecida pesquisadora com numerosos trabalhos publicados, entre os quais o excelente estudo sobre Villa-Lobos, o educador (1989, MEC/INEP). A obra em apreço, em edição de luxo e com o subtítulo de Uma visão sem preconceito, apresenta vários pontos altos de bastante interesse, tais como os capítulos intitulados: ´As concentrações orfeônicas e a presença de músicos populares´, ´A frota da boa vizinhança´ e ´Estes brasileiros ilustres´, série de depoimentos por vezes altamente ilustrativos. [...] O belo livro de Ermelinda é fartamente ilustrado e teve a apresentação de Turíbio Santos, diretor do Museu Villa-Lobos há cerca de vinte anos, e do Dr. Luiz Pinguelli Rosa, presidente da Eletrobras. [...] Por todos esses motivos, recomendo sem reservas a leitura desta última obra da operosa musicóloga Ermelinda A. Paz". Vasco Mariz - Revista Brasiliana.

"Um dos melhores estudos sobre a face mais popular da obra do genial compositor, ´Villa-Lobos e a Música Popular Brasileira - Uma visão sem preconceito´está sendo lançado nacionalmente. De autoria da professora carioca Ermelinda Paz, o livro traz, além do resultado de uma detalhada pesquisa documental, revelações, análises e importantes depoimentos sobre vida e obra de um artista inquieto, capaz de trafegar com a mesma desenvoltura pela música erudita, pelo samba e pelo choro. [...] Com a propriedade de quem se lançu a uma pesquisa minuciosa, a professora da UFRJ tece reflexões acerca da vertente mais popular de Villa-Lobos - e de como essa sua faceta se encontra ainda imersa em uma visão preconceituosa. [...] Percebe-se no livro um entusiamo pela obra de Villa-Lobos que vai além do tom mais formal que normalmente se esperaria de um trabalho acadêmico". Dalwton Moura - Diário do Nordeste, Caderno 3.

Pareceres sobre livro O Modalismo na Música Brasileira

"A história mesma da pesquisa que deu origem a este livro contribui para fazer entender as transformações pelas quais passou o pensamento da autora e a destinação imediata do produto. Em sua primeira versão, tratava-se mesmo de uma coletânea de melodias folclóricas (mais tarde, o universo alarga-se para as músicas populares urbanas e para exemplos da chamada música erudita), com o objetivo de fornecer dados teóricos para a compreensão do fenômeno modal (formação de escalas, utilização dos intervalos característicos dos diversos modalismos, etc.), dentro do contexto da então ainda chamada teoria musical, disciplina que pretendia dar conta dos materiais e das estruturas básicas do fazer musical e que, por suas próprias características, contribuía para alimentar ambigüidades e contradições que só começaram a ser realmente resolvidas nas duas ou três últimas décadas do século XX. Dividindo-se ela mesma em dois segmentos quase independentes, aquela teoria musical tinha uma cara quando fazia o ditado e o solfejo, embora nem sempre seu material de base trouxesse clara relação com as músicas estudadas e utilizadas em outros contextos do aprendizado escolar, em qualquer de seus níveis. Mas a coisa se agravava realmente quando a disciplina voltava-se para sua faceta chamada teórica, sobretudo porque quase nunca ficava muito clara a reflexão lógica sobre o fato musical examinado, estabelecendo-se dicotomia que afastava mesmo os alunos mais dedicados (uma das dificuldades era a gratuidade dos conceitos, apresentados sem ordem de necessidade musical e desligados de qualquer prática). E esta dicotomia gerou afirmações que tiveram força de aforisma, quando pretendiam que a desgraça do ensino musical era o excesso de teoria. Foi preciso que músicos-pesquisadores do quilate de Antônio Jardim e Carole Gubernikoff negassem peremptoriamente esta falsa constatação e afirmasse que, ao contrário, um dos males do ensino musical era a radical falta de teoria, que pudesse dar base à incipiente prática musical escolar.

Quando faz a análise de sua extensa coleta de melodias modais, Ermelinda A. Paz entende que não basta fornecer materiais e exemplos. Desde o início da segunda metade do século XX, já se podia perceber mudanças qualitativas importantes na produção musicológica brasileira, apontando exatamente para o maior rigor analítico e conceitual que caracterizarão o trabalho de Ermelinda. Um certo sectarismo presente nos estudos do Padre José Geraldo de Souza (1959, 1969) não o impediu de dar ordenamento claro ao material que estudou, quase sempre sobre o foco da influência direta e imediata do Canto Gregoriano sobre o folclore nacional. Muitos textos aparecidos a seguir nas publicações do antigo Instituto Nacional do Folclore apontam para a mesma direção, trazendo contribuições importantes enquanto coleta mais ou menos sistematizada (e, por isto, mais confiável) do material dito folclórico e, em alguns casos, buscando ordenamento teórico ao mesmo tempo mais abrangente (capaz de relacionar realidades diferentes mas análogas e de estabelecer categorias teóricas mais claras) e formulação mais voltada para visão renovada da cultura popular. Talvez ainda estivéssemos longe demais não apenas dos modelos mais modernos da musicologia sistemática, mas também da nova visão etnomusicológica, que, pouco a pouco, virtualmente acaba com o campo do folclore, ao menos aquela visão romântica de folclore que ainda vigorava.

As preocupações pedagógicas da autora são responsáveis por detalhes da construção da pesquisa e da elaboração de seus resultados. A professora sabe que existem limites para o que não pode ser mais que coletânea de casos exemplares, razão pela qual é tão importante a proposição de critérios claros de seleção (a seleção de exemplos pode informar mais que listas de argumentos). Seleção e ordenamento, que permitirão dirimir dúvidas nem sempre solucionadas de modo cristalino e definitivo. Em análise musical, a melhor teoria pode guardar ainda parcelas importantes de ambigüidades. Mas pode-se criar categorias analíticas e estruturais, que expliquem e justifiquem aproximações e afastamentos. Por outro lado, a docente exigente foi levada a constatar óbvio pouco denunciado: as dezenas ou centenas de estudos teóricos sobre o modalismo musical brasileiro (o mesmo pode ser dito com relação a respeitados estudos publicados no exterior e sobre problemas musicais europeus, africanos e asiáticos) trazem como pecado mais básico o uso de terminologia indefinida e, por isto mesmo, de extrema imprecisão. Cada autor importa de tratados respeitáveis categorização e denominação dos modos, esquecendo-se de que tal categorização e denominação atende a requisitos teóricos que precisam ser claramente explicitados. Em razão disto, não é de todo incomum que o mesmo modo receba denominações diferentes (saídas de diferentes fontes), sem que o autor se dê conta de que utiliza-se de categorias diferenciadas. Tendo claro para si o problema, não foi difícil estabelecer-lhe solução, conseguida através da série de Anexos I, II, III e V, que apresentam quatro diversas classificações e permitem visão comparativa de grande riqueza. O Anexo VI, por seu lado, faz inventário útil da terminologia adotada na literatura para definir ocorrências modais, aproximando conceitos dispersos e permitindo visão comparativa que facilita a compreensão do aluno.

A coletânea de material procedência da música popular urbana contribui para mostrar a forte presença do modalismo nesta área de produção musical, assim como para ajudar a estabelecer liames com os modelos modais da área folclórica. Estudos mais abrangentes sobre a música popular urbana cobrirão lacunas que possam ser encontradas e ajudarão a entender o processo de construção musical – e, obviamente, de recepção musical – do populário urbano e da música rural de consumo.

À vasta coletânea de melodias dos universos ditos folclórico e popular, o trabalho acrescenta boa seleção de música religiosa católica e evangélica de cunho claramente modal. No que se refere ao fenômeno católico, o fenômeno é facilmente explicável. Como se sabe, desde o início da segunda metade do século XX, nasceu forte corrente de renovação litúrgica (sem nenhuma conotação qualitativa dos aspectos musicais da produção da época, nem quanto à adoção simplificadora de modelos popularizantes ) que, em música, iria chamar-se o canto pastoral. Instituiu-se que a verdadeira brasilidade vinha do Nordeste, e análise mesmo superficial mostra que percentual enorme do produto de meio século de canto pastoral tem cara modal e jeitão nordestino. O que quer dizer, ao mesmo tempo, que a constituição de amostragem exemplar não constitui tarefa complicada, porque as músicas se parecem enormemente. Caberia a pergunta: há forte incidência de compositores de origem nordestina? Sabe-se que a maior parte da produção foi feita por amadores e semi-profissionais, muitas vezes seminarista e padres, que compunham para comunidades definidas e acabavam por ser aceitos em comunidades maiores, sobretudo quando eram vencedores de concursos da própria CNBB. Mas a origem nordestina não era determinante, uma vez que a literatura folclórica – inclusive a produzida pelo canto pastoral – encarregava-se de identificar os nordestinismos com o caráter mesmo da música brasileira.

No caso da música evangélica, nota-se que o fenômeno é bastante mais complexo. São muitas as dissertações de Mestrado produzidas nas duas últimas décadas do século XX que tratam da estrutura administrativa do ministério de música de diversas denominações protestantes e, indiretamente, fazem análise do repertório utilizado no culto. Estes estudos acentuam o caráter conservador de determinadas denominações, que têm hinários tradicionais que vão sendo reeditados seguidamente, garantindo uma identidade musical determinada. Mas eles mostram também que algumas denominações têm atitude mais dinâmica e promovem a produção de novos repertórios, nos quais o emprego de estereotipias do nacional podem atuar como a tendência aos modelos nordestinos notada na produção do repertório do canto pastoral católico. Pode-se perguntar também se, nos casos católico e evangélico, a busca de modelos mais próximos da chamada música popular urbana não privilegiaria uma produção que tende a refletir os lados mais primitivos da música rural, ela mesma relacionada com modelos de procedência mais distante, com forte influência dos modalismos folclóricos.

Não deixa de ser rico, igualmente, o mostruário de exemplos tirados de músicas eruditas de procedências as mais diversas, mas sempre refletindo postura estética nacionalista que privilegia o folclore. No que me concerne, apareço citado por causa de uma obra que deu muito o que falar no fim dos anos 60, através de duas versões realmente autônomas: a Missa do Povo e a Missa de São Benedito (esta última, para solista, viola de arame, tamba e Coro duplo de vozes iguais, que teve Clementina de Jesus, eu mesmo na viola, Hélcio Milito, Coral H. Stern e regência de Antônio Lage, em temporada iniciada na Sala Cecília Meireles e continuada em mais de trinta concertos nos mais diversos locais). O modalismo desta missa é mais que evidente, e busca ter cara mais mineira que nordestina. Mas não deixa de ser curioso que, em apresentação recente, dei-me conta do caráter altamente modal – e formalmente “fechado” e tradicional – de uma obra eletro-acústica de 1971, chamada Un-x-2. Todo o sistema de alturas obedece a uma lógica modal clara, que dá à obra uma unidade sonora que não teria sido assegurada apenas pelos aspectos tímbricos.

Para concluir, quero dizer que este estudo de Ermelinda A. Paz pode ser mesmo visto como uma autêntica proposta de Teoria da Música, e não apenas uma antologia de apoio à chamada teoria musical, de finalidade prática e educacional, como material de apoio a exercícios de solfejo ou de análise musical, ainda que, sobretudo para a análise musical, o ordenamento da matéria e a clarificação da terminologia técnica represente contribuição importante. Mas certamente a proposta vai mais longe e se introduz no campo da musicologia sistemática e da teoria da música, revelando-se como um dos primeiros estudos a organizar dentro de tais categorias o material modal que bem exemplifica as músicas tradicionais, populares e eruditas brasileiras". José Maria Neves (2002) Professor Emérito da UNIRIO.

"Este novo livro da Professora Ermelinda coloca à disposição de todos um dos aspectos mais valiosos e fascinantes de nossa música, a diversidade de modos e estruturas escalares e vem com isso preencher uma lacuna no nosso processo de formação musical
Esta é a mais ampla coletânea de melodias modais já produzida no País e inclui abundante material proveniente da música folclórica e erudita, da religiosa e da leiga. Oferece também ao estudioso um levantamento extenso de obras que usam os modos na sua construção, colocando assim à disposição de todos indicações de farto material para a pesquisa de quem quiser aprofundar seus conhecimentos a respeito.

Aqui encontramos também um levantamento exaustivo da terminologia técnica nesta área de estudo relativamente nova entre nós. O levantamento e confronto de termos e denominações usados pelos autores na teoria dos modos contribuirá para a sedimentação da linguagem e dos conceitos nesta área de conhecimento.

Este trabalho pioneiro chega para dar vida, beleza, diversidade, sabores e coloridos mágicos dos modos ao cotidiano de nossos educadores musicais e à criação de nossos compositores, num momento em que a mídia eletrônica na promoção comercial de produtos descartáveis impõe ao povo a baixa qualidade artística, o esvaziamento melódico, uma música centrada quase exclusivamente em pulso rítmico repetitivo e uma organização sonora que serve apenas de fundo e apoio aos apelos visuais.

Esta obra é produto do evidente carinho da autora pela música brasileira no que ela tem de mais marcante e sedutor e pela sua convicção profunda da importância desta música para a cultura brasileira.

Sinto-me feliz ao poder abraçar e parabenizar a autora por esta nova produção." Hélio Sena. Musicólogo e Professor Adjunto IV da UNI-RIO.

"A coleta, ordenação e análise do repertório modal sobrevivente na música brasileira, tem merecido de Ermelinda Paz a dedicação de anos de pesquisa e investigação.
Como conseqüência, a autora oferece, nesta edição, a proficiência de um trabalho amadurecido, que agora se apresenta a um tempo seletivo e abrangente, organizado de maneira a contemplar as várias áreas de influência modal, seja a de tradição popular folclórica, de concerto, litúrgica ou popular.

Encerra, sem dúvida, um significativo material a ser utilizado pelos vários segmentos de estudo onde o modalismo aparece como elemento inquestionável na construção da nossa música." Maria Aparecida Antonello Ferreira. Mestre em Ciência da Arte pela UFF e Profª de Percepção Musical da Escola de Música da UFRJ

"Extremamente oportuno o trabalho de Ermelinda A. Paz sobre o modalismo na música brasileira. Bem documentado, dimensiona, pela primeira vez com essa abrangência, a importantíssima participação das estruturas modais, e não apenas tonais, na formação do pensamento musical brasileiro em suas diversas vertentes. Partindo embora de uma temática regional, nordestina, as escalas modais se incorporam, como um componente intrínseco, à sintaxe musical brasileira, através de uma utilização que transcende o pitoresco regional para adquirir uma dimensão nacional.

Significativa, desse ponto de vista, é a presença ostensiva desse modalismo brasileiro em dezenas de obras de compositores não só do nordeste, mas notadamente do sul e do sudeste.

Oxalá esse trabalho possa ensejar os desdobramentos que certamente o tema permite e sugere." Edino Krieger. Compositor, produtor e crítico musical.

Pareceres sobre livro 500 Canções Brasileiras

"Para mestres, para discípulos e mesmo para leitores que gostam de estar informados de nossos costumes ou fatos através da cantiga do povo, este é um livro de gostosa leitura e de grande importância para nós e para nossa Memória". Dorival Caymmi. Apresentação do livro 500 Canções Brasileiras, p. 9

"Esta coletânea de canções folclóricas brasileiras foi organizada para aplicação no ensino da música. Contém 500 canções selecionadas e classificadas para servir de material de trabalho nos diferentes capítulos de Percepção Musical. Assim, os elementos estudados na Teoria Musical, bem como cada dificuldade rítmica ou de entonação, habitualmente encontradas nas aulas de Solfejo, têm aqui seu grupo de canções para exercício.

Mas por que folclore? Esta é a música que o nosso povo cria e preserva em sua memória. Ela jorra da vivência do homem brasileiro, de seus movimentos, de sua voz e por isto encerra os traços mais profundos de sua alma, seu jeito de ser, seus anseios e símbolos inconscientes. Desde o passado remoto estas formas musicais se segmentam, se cristalizam, se purificam no sentir cotidiano de nossa gente e ganham a história como componente importante da identidade nacional

Simplicidade, clareza e sobriedade são qualidades inerentes a toda a música folclórica. Mas no Brasil esses traços coexistem com extraordinária riqueza de formas.

É ponto pacífico que a educação musical deve ser feita com base num material artístico variado e cuidadosamente escolhido, que inclua o folclore, ao lado dos melhores exemplos da música erudita universal Sobre os benefícios da utilização do folclore, podemos dizer que:

     1. é uma excelente música e traz para as aulas muita beleza com o conseqüente prazer de cantar, em substituição ao aborrecimento dos         exercícios técnicos destituídos de musicalidade, tão em voga nos manuais à venda por aí.

     2. favorece a integração comunitária do músico, ligando-o a seu povo, à sua história e facilitando a ação social de sua música.

     3. contribui para a preservação da identidade cultural do país.

Esta proposta nada tem de inédita. Desde meados do século passado, com o surgimento do nacionalismo musical, grandes compositores com Glinka, Rimski-Korsakov e Wagner insistiam na importância das fontes populares como base e matéria-prima de toda a criação musical A partir de então vemos crescer continuamente o prestígio do folclore na educação musical até a importância superlativa que a canção folclórica assume no trabalho pedagógico de Kodaly e Orff.

No Brasil o código lingüístico do folclore musical se transfere para a música urbana comercial e erudita, fazendo-a extrapolar para novas e surpreendentes dimensões. A seresta e o samba, o baião e o choro são descendentes diretos de gêneros tradicionais de nossa música. Em Luiz Gonzaga, Pixinguinha, Villa-Lobos, Radamés Gnattalí e em todos os nossos grandes compositores, o vigor e originalidade da criação musical são indissociáveis do seu componente étnico. Entretanto, os mecanismos desta transferência se situaram sempre nas ocasiões de vivência comunitária e na transmissão oral. Isto é, correm por fora do ensino formal da música. Até à metade de nosso século, salvo raríssimas exceções, nas salas de aula se combatia a presença da música brasileira. A estética oficial sempre foi a da elite, que, voltada para os valores estrangeiros, alimenta uma visão depreciativa de tudo o que vem do povo, considerando o folclore como sinal de atraso e subdesenvolvimento. Até então a preservação da tradição musical brasileira estava garantida e não corria qualquer risco de debilitamento. Isto porque as camadas populares, espalhadas pela vastidão do território nacional, formavam redutos impenetráveis de preservação e resistência.

Nas últimas décadas, entretanto, esse quadro sofre drástica transformação. Assistimos o enfraquecimento e a extinção das manifestações folclóricas em todo o país. Com a aceleração da industrialização e da urbanização, grandes contingentes da população são deslocados para novos contextos e adotam novos hábitos culturais. Exatamente nesta fase ocorre o avanço da produção seriada de música, as gravações fonográficas e a expansão avassaladora dos veículos de comunicação de massa, levando a reprodução mecânica de música a cada lar brasileiro.

Em todo esse período, importantes transformações se dão sem qualquer planejamento cultural, numa política oficial de terra arrasada em que, ao invés do fomento à produção cultural do homem brasileiro, vigora o critério único do lucro imediatista da indústria multinacional, mais interessada em colocar no mercado seus enlatados musicais. Para isso muito contribuiu a censura aos artistas, a repressão à livre expressão e à participação política do povo nos anos de ditadura. Como conseqüência, a evasão abundante de divisas pela importação de música se combina com a crise de emprego entre nossos músicos. Dá-se em muitas regiões a total ruptura da continuidade cultural. Hoje temos emissoras que tocam 98 por cento de música em idioma estrangeiro, ao mesmo tempo vemos que nossas crianças já não cantam cirandas e nossos jovens ignoram quem são Chico Buarque ou Milton Nascimento.

A arte é um reflexo da vida e pode mobilizar as pessoas para a transformação da realidade. O artista funciona como órgão sensor e expressivo da sociedade. Por isso é fundamental que ele se identifique pelas causas e pela linguagem com o seu povo.

Todos sabemos que a identidade cultural é o principal fator de coesão de um grupo. Povo que perdeu sua identidade é mais fácil de ser dominado. Por isso é que recebemos com alegria os trabalhos que visam trazer para o ensino formal o maravilhoso acervo do folclore nacional. Não se trata de ensinar folclore, mas de usá-lo onde se fizer oportuno, para que sua riqueza soda destilada na sensibilidade das novas gerações nutrindo-as e energizando-as. Na atual situação, esta produção didática, realizada com tanto esmero sobre as raízes mais profundas da música brasileira, é um ato político em afirmação da soberania cultural de nossa gente. Congratulo-me com a autora." Hélio Sena. Apresentação do livro 500 Canções Brasileiras, p. 10-11

"Aprender Música cantando folclore. O livro 500 Canções Brasileiras é importante e muito oportuno, não só naquilo a que se destina - o ensino de teoria musical, percepção musical, canto etc. - mas presta realmente, como diz o grande compositor brasileiro, grande serviço à nossa tradição folclórica. Como se diz, folcloricamente, a autora mata duas cobras com uma cajadada só: faz uma iniciação musical, além de uma aventura agradável, ao mesmo tempo em que transmite a brasilidade musical naquilo que ela tem de mais autêntico. Creio que esta é a primeira vez que se tem - pelo menos por escrito musicalmente falando - um apanhado total de nossa, ou parte pelo menos, de nossa bagagem musical folclórica". Jésus Rocha. Última Hora. Terça-feira, 12 de junho, 1990, p.5.

"Em suas 200 páginas, a coletânea pretende suprir uma lacuna no ensino de música no Brasil. O trabalho segue um roteiro programático do ensino quanto à iniciação, teoria e percepção musical. Sem utilizar exercícios técnicos baseados em métodos europeus, a autora procura, através de canções folclóricas de todas as regiões do País, preservar a identidade da cultura nacional e divulgá-la junto ao meio acadêmico. O volume ressalta ainda a importância das fontes populares como matéria-prima para o estudo da música no Brasil, bem como explica a metodologia empregada para a seleção das composições reunidas na obra. Ao mesmo tempo, oferece ao professor uma ampla variedade de opções de metodologia pedagógica. Além disso 500 Canções Brasileiras apresenta vários índices: um pelo assunto principal, outro remissivo, abrangendo particularidades de um programa de música, o terceiro com classificações conforme a sua região de origem e, finalmente, o que traz os títulos por ordem alfabética. Todas elas têm melodia, texto e indicações da proveniência geográfica". O Globo. Tijuca [s.i.a] Terça-feira, 17 de abril de 1990, p.28.

"(...) 'Exercícios de música folclórica'. Os elementos estudados em Teoria Musical, bem como cada dificuldade rítmica ou de entonação, habitualmente encontradas nas aulas de solfejo, têm nesse trabalho seu grupo de canções para exercício. Assim, as partituras dão exemplos de melodias em modo maior e modo menor, compasso composto, quiálteras, mudança de compasso, modulantes a tons vizinhos, música a duas vozes e melodias modais, entre outros. Na realidade, a proposta de Ermelinda Azevedo Paz se insere em métodos e experiências amplamente testados no esterior. Desde meados do século passado, com o surgimento do nacionalismo musical, conforme assinala Hélio Sena na apresentação, grandes compositores como Glinka, Rimsky-Korsakov e Wagner insistiram na importância das fontes populares como base e matéria-prima de toda a criação musica. A partir de então, cresceu continuamente o prestígio do folclore na educação musical até a importância superlativa que a canção folclórica assume no trabalho pedagógico de Kodaly e Orff. A grande importância de 500 Canções Brasileiras está em que esse trabalho dá continuidade a uma iniciativa de Villa-Lobos e supre uma justificada carência de material nacional para o estudo da música no Brasil, onde em sua quase totalidade as fontes de referência são buscadas em material alienígena". Carlos Menezes. O Globo. Rio Show. Terça-feira, 1 de maio de 1990, p.6.

" 'Um resgate do folclore'. 5oo Canções Brasileiras, (...) - uma das mais amplas coletâneas de música folclórica realizadas nos últimos tempos, com material inédito recolhido em todas as regiões do país. A resma sonora pretende, além de resgatar a produção popular, estimular o ensino musical através da canção folclórica brasileira, hoje uma quase desconhecida pela maioria de nossa população. (...) Acompanham todas as canções suas respectivas partituras, o que torna este livro de interesse não apenas de professores e estudantes de música, mas de todos aqueles que se interessam pelo folclore brasileiro". Mauro Trindade. Jornal do Brasil, Caderno B. Terça-feira, 15 de maio de 1990, p.2.

"Logo no início, sente-se que a autora se preocupa com a maneira mais eficaz de transmitir o que sente, o que sabe, o que conhece e que nos ensina a tratar do fascinante assunto que é a música do povo". Revista Leia. Maio de 1990. [s.i.a].

"Apraz-nos comunicar que a Câmara Municipal de Olímpia aprovou, por unanimidade, proposição do Senhor Vereador José Sant'anna, durante a sessão ordinária realizada no dia 02 de maio p . passado, fazendo inserir na ata dos trabalhos o seu voto de congratulações pela publicação da obra 500 Canções Brasileiras de autoria da ilustre folclorista e que muito contribuiu para a preservação da identidade cultural do nosso povo e para a divulgação do folclore brasileiro. Requerimento no 256 / 90. Considerando que a autora de 500 Canções Brasileiras , Ermelinda Azevedo Paz procurou representar na obra todos os gêneros musicais praticados nas diferentes regiões do país;
Considerando que sua obra está voltada, didaticamente, para a aprendizagem da música folclórica brasileira;
Considerando que a autora preocupa-se em auxiliar o professor na divulgação da música brasileira;
Considerando que, contribuindo para a preservação da identidade cultural do nosso povo, está divulgando o folclore brasileiro;
Considerando que seu trabalho de pesquisa sobre as raízes da música brasileira engrandece o acervo literário folclórico do país;
Considerando que informa mestres, discípulos e leitores comuns sobre costumes brasileiros através da cantiga do povo:
Requeremos, na forma regimental, que seja inserido na Ata dos Trabalhos, voto de congratulações de Edilidade Olimpiense para com a escritora folclorista Profa Ermelinda Azevedo Paz pela publicação de 500 Canções Brasileiras. Requeremos mais, que deste ato seja dado pleno conhecimento à ilustre homenageada". Vereador Dr. José Sant'Anna. Presidente da Câmara Municipal de Olímpia. Estado de São Paulo. SP, 16 de maio de 199

Pareceres sobre livro Villa-Lobos, o Educador

" 'Lançada monografia sobre Villa-Lobos'. Heitor Villa-Lobos foi muito mais do que um artista que se preocupou com a divulgação da música brasileira em outros países. Ele foi, também, um importante pedagogo. Pelo menos é isso o que prova a monografia Heitor Villa-Lobos, o Educador, da professora da Escola de Música da UFRJ e do Instituto Villa-Lobos da UNI-Rio, Ermelinda Azevedo Paz. (...) A monografia ganhou, em 1988, o prêmio Grandes Educadores Brasileiro, conferido pelo extinto Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas e Pesquisas Educacionais (Inep). Foi publicada este ano, junto com outro trabalho sobre Monteiro Lobato, e está sendo distribuído em bibliotecas e faculdades de educação. Desde que o prêmio do Inep foi instituído, em 1983, todas as monografias falavam sobre educadores. O trabalho de Ermelinda foi o primeiro que falava sobre a vida de um músico. (...) Ermelinda destaca entre suas ações educadoras as famosas 'concentrações orfeônicas', durante as quais milhares de estudantes concentravam-se no campo do Vasco e do Fluminense e no Largo do Russel para cantar". O Globo. Botafogo. Terça-feira, 17 de julho de 1990, p.35. [s.i.a].

Pareceres sobre livro As Pastorinhas de Realengo

" 'Pastorinhas, a saudade de Realengo'. Recuperar e divulgar uma de nossas maiores tradições folclóricas são os objetivos do livro As Pastorinhas de Realengo. (...) A idéia de Ermelinda ao escrever As Pastorinhas de Realengo era usá-lo como trabalho final para o curso de especialização em folclore, que concluiu em 1974, na UFRJ. Mais tarde, a professora voltou ao texto e inseriu um histórico dos pastoris, observações sócio-culturais e econômicas de Realengo, onde morou 20 anos e fez a pesquisa, além de depoimentos, fotos e ilustrações. (...) Como o livro possui letras e partituras, as professoras de Educação Musical também podem utilizá-lo em suas aulas. Além de Dona Guidinha, surgem no livro muitos personagens marcantes na história de Realengo. Ermelinda faz questão de frisar que pesquisou três gerações de pessoas ligadas às montagens do pastoril no bairro". O Globo. Zona Oeste. Domingo, 12 de agosto de 1990, p.36. [s.i.a].

"Este livro resultou de uma importante pesquisa executada pela Professora Doutora Ermelinda Azevedo Paz sobre manifestações folclóricas da comunidade de Realengo, no Rio de Janeiro.
Há um instinto dramático nas formas primitivas de expressão representativas da reprodução mística e mítica da realidade. Formalmente, todos ou quase todos os textos desta atividade seguem a estrutura de autos medievais carregados de magia e religiosidade. Na Península Ibérica, autos referentes ao nascimento de Jesus Cristo foram os mais usados por comunidades de pastores. Assim, no primeiro texto da dramaturgia em língua portuguesa, o Monólogo do vaqueiro, de Gil Vicente, em que o nascimento do rei se confunde com o de Jesus. Um dos mais antigos que se conhece é o castelhano Auto de los reyes magos, de autoria anônima, do século XII ou XIII. Aí também se notam solicitações de desejos e interesses particulares, costumes e crenças populares que se misturam e constituem as narrativas. Este fato de intervirem problemas individuais da comunidade com a representação da vida de Cristo chegaram mesmo a proibir apresentações nos adros da igreja. Desde os primórdios da Civilização Cristã, alguns dos filósofos e doutores consideraram o teatro instrumento diabólico e condenável.
No referido texto espanhol do século XII ou XIII, nota-se a dificuldade dos pastores em entender a doutrina da fé. Pensavam se estariam certos dizendo que aquela estrela era a que de fato indicava o local onde teria nascido o Salvador:

MELCHIOR
Cumo podremos prouar si es homne mortal
o si es rei da terra o si celestrial?
BALTASAR
Queredes bine saber cumo lo sabremos?
Oro, mira, í acenso a el ofrecremos:
si fure rei de terra, el oro quera;
si fure omne mortal, la mira tomara;
si rei celestrial, estes dos dexara,
tomara el encenso qual pertenecera.
GASPAR E MELCHIOR
Andemos i assi fagamos.
(Escena II, Ms. Vono 9, fol. 67v., Biblioteca Nacional de Madrid)


Estas representações dramáticas, instintos primitivos de reproduções, análises de problemas vividos e reflexões religiosas, em língua portuguesa, se manifestaram por diálogos, momos e sátiros que se apresentavam nas ruas, satirizando ou elogiando fatos da vida comum. Também eram usados em festas nobres. As “pastorinhas de Realengo” se destinam aos festejos de fim de ano, especialmente as comemorações do nascimento de Jesus.
A professora descobriu o texto em Realengo, subúrbio do Rio de Janeiro, que é estudado no auto desde a origem do nome (a abreviatura “real engo.”), até as mais interessantes figuras, moradores e encontros em torno dos bailes e festas do Cruzeiro Futebol Club. Trata-se de um texto bem mais complexo que o primitivo Auto de los reyes magos. Aqui, o roteiro já não trata somente da admiração pela estrela que surpreende pastores e reis, fazendo-os relacionar mitos e tradições bíblicas do aparecimento do Messias. Ao lado desta perspectiva, o espetáculo ensina, moraliza e revisa de costumes, além de mostrar preocupações artísticas, a dança e o ritmo. Notou a professora como o espetáculo desenvolve um sentido estético através do canto, das músicas, do compasso ternário do ritmo, da harmonia e de personagens que, no palco, fazem encenações de temas. Observa-se, em especial, a coerência dos cenários e efeitos de iluminação.
Uma das organizadoras do espetáculo chama atenção para a excelência do script, que contém a representação das cenas e desenvolve um enredo sobre aspectos e sentimentos da vida dos próprios espectadores, participantes da comunidade. Daí a presença de personagens novas, às vezes míticas ou reais, como o Fúria, que tenta desencaminhar a pastora Libertina. Entretanto, ela é corrigida pelos ensinamentos do auto. Afinal de contas, Jesus nasceu; e, com ele, o perdão e a liberdade. Outras personagens desempenham ações complementares, como se estivessem numa história dentro da própria história. Quadros apoteóticos surgem destinados à descrição de objetos que compõem a cena: a estrela, o Norte, a borboleta, o relâmpago, entre outros, além de temas ingênuos como a rosa, a violeta, a magnólia, a camponesa. Todos se encaminham para o presépio que representa do nascimento de Jesus Cristo.
Trabalho tão importante não poderia sair senão das mãos hábeis de alguém que ministra arte em instituições como a Escola de Música da UFRJ, a Escola Villa-Lobos da UNI-RIO e, ao mesmo tempo, não perde a oportunidade da pesquisa de elevado nível como a desta publicação." Professor Titular Emérito da UFRJ Edvaldo Cafezeiro.

Pareceres sobre livro Jacob do Bandolim

" 'A história e a glória de Jacob'. Professora da UFRJ e UNI-RIO, integrante da Academia Nacional de Música, Ermelinda A . Paz conta a história e a glória do gigante Jacob do Bandolim (Funarte, 208 páginas). Premiada no Concurso Lúcio Rangel de monografias da Funarte, ela inventaria a trajetória do virtuose Jacob Pick Bittencourt (1918 - 1969) que anexou o instrumento a seu nome artístico além de fundar o regional Época de Ouro e transformar-se num dos grandes compositores do choro (Noites Cariocas, Doce de Coco, Assanhado, Bola preta, Vascaíno, Vibrações, Gostosinho). Seus arquivos e saraus famosos também são historiados no livro que traz ainda iconografia rara e discografia completa do músico". Tárik de Souza. Jornal do Brasil. Caderno B. Sábado, 9 de agosto de 1997, p.4.

"Entusiasta da biografia de Jacob do Bandolim que Ermelinda Paz lança quarta-feira no Rio. Hermínio Bello de Carvalho aproveita a onda para chorar uma mágoa. Segundo ele, se alguém tiver a curiosidade de ver o mestre tocando, descobrirá estarrecido que a TV não tem um só registro do nosso maior bandolinista. A turma do jazz lá fora tem especiais inteiros, mas aqui o que resta são sete minutos de Jacob num vídeo amador - diz". Cesar Tartaglia e Tania Neves. O Globo. Rio. Domingo, 7 de setembro de 1990, p.30.

" 'A unanimidade da MPB' Livro mostra como Jacob do Bandolim influenciou três gerações da música brasileira. Jacob do Bandolim, uma das poucas unanimidades musicais brasileiras, tem sua vida retratada por Ermelinda Paz numa biografia da Editora Funarte (...) 'Ele fez com que o bandolim deixasse de ser apenas um instrumento de acompanhamento' avisa Ermelinda, que chegou a esta conclusão após entrevistar três gerações de instrumentistas". Cláudio Uchôa. O Dia D. Quarta-feira, 17 de setembro de 1997, p.3.

"A escritora Ermelinda Paz lança na próxima quarta-feira um livro sobre o mestre Jacob do Bandolim. Neste livro, Ermelinda refaz a trajetória do Jacob do Bandolim que está incluído entre os grandes mestres do choro ao lado de nomes como Pixinguinha, Luperce Miranda e Benedito Lacerda. Assim, a escritora mostra os grandes momentos da carreira do músico que formou o regional Jacob e sua gente (...); gravou 48 discos como Jacob revive músicas de Ernesto Nazareth; e escreveu choros como Migalhas de amor, Reminiscências e Por que sonhar. Resultado de uma monografia de um concurso da FUNARTE, este livro também traz a discografia completa e farta e rara iconografia de Jacob do Bandolim. (...) Professora da UNI-RIO e da UFRJ, Ermelinda Paz é autora de outros livros sobre a MPB como Estudos sobre Villa-Lobos, As Pastorinhas de Realengo e 500 Canções Brasileiras". Leopoldo Rezende. TV Educativa. Programa Sem Censura. Em 8/9/1997.

" 'FUNARTE lança Jacob do Bandolim na Bienal Internacional do Livro / 97 '. Para quem quiser pisar fundo na história da MPB, não pode deixar de ler: Jacob do Bandolim, de Ermelinda A . Paz, Funarte, 208 páginas. A autora narra com delicadeza e extrema competência a história do incrível músico que tem lugar de honra ao lado de importantes artistas da MPB, como Pixinguinha, Luperce Miranda e Benedito Lacerda. (...) Segundo Hermínio Bello de Carvalho, seu parceiro póstumo (fez as letras de Noites Cariocas, Doce de Coco e Benzinho) o músico: 'feria com sua palheta as cordas do meu coração'. (..) O livro, resultado de uma monografia vencedora do Concurso Lúcio Rangel de Monografias da Funarte, tem discografia completa, farta e rara iconografia, o que o torna indispensável na estante de qualquer aficcionado pela chamada memória musical brasileira. Ermelinda também é autora de outros belíssimos trabalhos na área de música(...)". Assessoria de Comunicação da Funarte. Riocentro, Stand 183, de 13 a 24 de agosto de 1997. Bienal Internacional do Livro. RJ.

" 'Obra compõe trajetória de Jacob do Bandolim'. O livro Jacob do Bandolim de Ermelinda A . Paz, é parte da retomada, pela Funarte, de projeto de documentação bibliográfica em torno da MPB, que rendeu numerosos volumes nas décadas de 70 e 80. (...) O foco dessa vez é o instrumentista Jacob do Bandolim (1918 - 1969), de quem se dia ter sido o reinventor do bandolim em terras brasileiras, o homem que abrasileirou o instrumento. Discípulo de Pixinguinha (o abrasileirador da flauta), rival de bandolim de Luperce Miranda, descobridor de Elizeth Cardoso, criador do conjunto Época de Ouro e influenciador de Paulinho da Viola (entre muitos outros), Jacob atravessou tempos em que música não era ainda modo de vida. Além de bandolinista, sempre foi funcionário público, mesmo quando já recebia regalias por causa de seu sucesso. Ajudou a criar o ambiente dos saraus no Rio de Janeiro, onde se formaram não só músicos, mas pensadores, estudiosos e jornalistas. Apaixonado pela cultura popular de seu país, chegou a resmungar contra a ascensão da bossa nova, mas o livro narra que teve seu primeiro infarto estimulado pela emoção que sentiu, em 1967, devido à boa recepção que teve de uma platéia majoritariamente jovem e cabeluda - 'ovelhas desgarradas', segundo ele. O livro de Paz, pesquisadora, professora de música e integrante da Academia Nacional de Música, constrói-se sobre extenso material obtido, que inclui do acervo que o próprio Jacob constituiu em vida às memórias de sua mulher Adílya, e de seus filhos, Sérgio e Elena. Apresentado como monografia em 1989 e só agora lançado em livro, abrange registros de gravações, discografia completa, depoimentos, cartas escritas pelo bandolinista, pesquisa profunda. Com tantos dados e documentos em mãos, Ermelinda Paz compõe registro minucioso da passagem de Jacob pela música popular brasileira (...)". Pedro Alexandre Sanches. Folha de S. Paulo. Ilustrada. Sábado, 27 de setembro de 1997, p.4.

Pareceres sobre livro Villa-Lobos, Sôdade do Cordão

" 'A memória do Carnaval, sob a ótica de Villa-Lobos'. Pesquisadora lança livro sobre o maestro e já prepara nova publicação sobre Edino Krieger. Em 1940, quando já considerava o carnaval carioca totalmente descaracterizado, Heitor Villa-Lobos, incansável cultivador das coisas brasileiras, decidiu fundar um autêntico cordão carnavalesco para relembrar as origens do festejo. Daí nasceu o Sôdade do Cordão. O episódio serviu de fio condutor para a pesquisadora Ermelinda Paz relatar o envolvimento de Villa-Lobos e de sua obra com o caranaval no livro Villa-Lobos, Sôdade do Cordão. A memória do carnaval, a partir da ótica do maestro é dividida em tr6es momentos: o carnaval antigo da época de Villa-Lobos, a criação do Sôdade do Cordão e a reconstituição da trajetória do maestro ligada ao carnaval, realizada, em 1987, pelo Museu Villa-Lobos, nos festejos do centenário de nascimento do artista. O livro reúne 40 ilustrações extraídas dos arquivos da Biblioteca Nacional, do Globo e do Museu Villa-Lobos, além de reproduções de capas de jornais e de partituras da época do Sôdade do Cordão. 'Descobri também cinco músicas inéditas do carnaval antigo, que me foram transmitidas oralmente por Silvio Cecotto. Ele era membro de agremiações daquela época - revela Ermelinda'". Ana Cecília Santos. O Globo. Zona Sul. Quinta-feira, 20 de julho de 2000, p.33.

"Villa-Lobos ganha mais uma homenagem nos 40 anos de ausência, além do filme de Zelito Viana e do livro de Maria Maia. Sôdade do Cordão, de Ermelinda A . Paz, revela uma faceta diferente de Villa, o carnaval em três momentos. O início do século, o bloco criado por ele em 1940 e sua retomada, pelo Museu Villa-Lobos, em 1987 para as comemorações do centenário do maestro. O livro contém mais de 40 ilustrações, partituras inéditas de cordões do início do século..." Hildegard Angel. O Globo. Segundo Caderno. Quinta-feira, 14 de setembro de 2000, p.4.

" 'Academicamente Popular' Reminiscências de Villa-Lobos. O maestro Heitor Villa-Lobos era um amante inveterado da cultura popular brasileira, e também do carnaval. Na sua juventude, este era composto por blocos e cordões que, com o tempo, se transformaram em ranchos. A partir da década de 30, as escolas passaram a ser a principal atração da festa e essas manifestações deixaram de existir. Villa-Lobos se ressentia da perda do espírito desses antigos carnavais e, na intenção de resguardar sua memória, promoveu, em 1940, a reconstituição de um cordão típico, tal como no início do século - o Sôdade do Cordão. Quase meio século depois, o Sôdade voltou às ruas; para reafirmar o amor do maestro pelas raízes da cultura brasileira, por ocasião de seu centenário em 1987, o Museu Villa-Lobos reeditou o cordão. Em 2000, mais um passo para perpetuar a memória do Sôdade do Cordão foi dado. A pesquisadora da Escola de Música Ermelinda Paz lançou o livro homônimo ao bloco, em que aborda os três momentos se sua história: introduz o leitor às formas do carnaval do início do século, revisita a iniciativa de Villa-Lobos e termina por relatar a recente reconstituição". Jornal da UFRJ. Universidade do Brasil. [s.i.a] Ano 3. nº 12. janeiro/fevereiro 2001, p.10.

Pareceres sobre livro Pedagogia Musical Brasileira no Século XX: Metodologias e Tendências

"A professora Ermelinda A. Paz foi muito feliz no seu trabalho pioneiro que é "Pedagogia Musical Brasileira no século XX". Normalmente, quando se pensa em educação musical no Brasil, quase só vêm à memória (por falta de informação) os esforços heróicos de Villa-Lobos com a sua campanha em defesa do canto orfeônico. Depois disso, aconteceu muita coisa (inclusive a partir da obra de Villa-Lobos); e a essência desses está relatada aqui, através de figuras como Gazzi de Sá, Sá Pereira, Liddy Mignone. Um destaque especial é dado a grandes personalidades da nossa época, que vimos em plena atuação, como H. J. Koellreutter, Esther Scliar - músicos professores que tinham uma perfeita noção do que é desenvolver e aprofundar o trabalho da pedagogia musical, de modo a estimular personalidades e vocações para além da formação acadêmica - pessoas cuja área de atuação, por causa disso, não se limitou a um determinado gênero de música. Professores jovens ou veteranos encontrarão aqui não só uma grande abundância de idéias como o estímulo para persistirem em seu trabalho, não obstante todas as dificuldades que ainda caracterizam a vida cultural brasileira". Luiz Paulo Horta. Musicólogo, Crítico Musical do Jornal O Globo e membro da Academia Brasileira de Música.

"Sinto-me honrada em manifestar-me sobre o livro "Pedagogia Musical Brasileira no século XX". Neste livro Ermelinda se debruça sobre as várias metodologias que marcaram a educação musical no Brasil, nos últimos 70 anos da nossa história. A autora discorre e apresenta com linguagem clara e de forma acessível a relação, a tendência e a influência de vários educadores, ao mesmo tempo que resguarda e registra, com este trabalho, a memória do ensino e dos caminhos trilhados por mestres da música. Ao apresentar este magnífico trabalho, Ermelinda nos convida a refletir sobre o fato de estarmos sempre construindo e reconstruindo metodologias na busca de encontrar a fórmula ideal para o aprendizado. Chama-nos atenção a simultaneidade de idéias, visões paralelas do som e da pulsação, do tempo e da dinâmica, focalizando a mesma área de conhecimento, porém, vislumbrando sempre, novas possibilidades para o aprendizado musical Os professores-educadores aqui representados, são figuras marcantes pela inteligência, musicalidade, personalidade, perseverança e confiança na metodologia na qual acreditaram e a elas se dedicaram. A temática - Educação Musical - torna-se nesta pesquisa uma fonte inesgotável de sugestões, preparando e instigando nos novos mestres o desejo de novo redescobrimento. Todas as metodologias, quando aplicadas com competência e entusiasmo, permitem resultados positivos. Metodologia e Mestre se confundem e se firmam no cenário educacional. Ermelinda complementa o seu trabalho apresentando e comentando quatro projetos de pesquisa objetivando a renovação do ensino musical e a influência dos métodos Dalcroze, Orff e Kodály na Pedagogia Musical Brasileira. Chamou-nos a atenção, também as "notas" do final do livro, realizadas com extremo cuidado, permitindo a retenção significativa de experiências vivenciadas e neste livro documentadas. Ermelinda, este trabalho em que tantos mestres foram reunidos, revela a grande mestra que você é...Minha homenagem". Professora Marina Lorenzo Fernandez. Diretora do Conservatório Brasileiro de Música.

"A Educação musical no Brasil é em geral associada unicamente ao trabalho de Heitor Villa-Lobos e sua campanha em defesa do canto orfeônico. O livro da pesquisadora e professora Ermelinda A . Paz permite uma visão mais abrangente, mostrando os esforços de outros músicos professores no campo da pedagogia musical". O Globo. Prosa e Verso / Lançamentos. [s.i.a]. Sábado, 21 de outubro de 2000, p.5.

" 'Professora, pesquisadora e desconhecida'. Poucos conhecem de nome ou figura a professora e pesquisadora Ermelinda A . Paz Zanini. Mas faz 17 anos que, mestra de percepção e apaixonada por figuras musicais de nosso meio, ela vem ganhando prêmios e produzindo pesquisas sobre a arte popular nas áreas folclórica, didática e rememorativa. Apesar disso permanece, para o grande público, no limbo da atividade, esforçando-se apenas para pesquisar e produzir com gosto e habilidade. Sem queixa ou desabafo. Mestra-professora de percepção musical da UFRJ, entre outros títulos, e pesquisadora infatigável, Ermelinda publicou os livros As Pastorinhas de Realengo (1987); 500 Canções Brasileiras (1989); Villa-Lobos, o Educador (1989) Estruturas Modais na Música Folclórica Brasileira (1993); Estudo sobre as Correntes Pedagógicas Musicais (1994); Jacob do Bandolim (biografia, 1997). Resultantes dos prêmios ganhos em 1983 - Concurso Sílvio Romero, em 1988 - Museu Villa-Lobos; em 1988 - Organização dos Estados Americanos e Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos, no mesmo ano. Finalmente, em 1989 - Concurso de Monografias da Funarte e em 1995 - Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro. Neste ano que finda Ermelinda Paz produziu mais dois livros: Pedagogia Musical Brasileira no Século XX (Editora Musimed); e Villa-Lobos, Sôdade do Cordão, lançado pela Fundação Universitária José Bonifácio. O primeiro, examina, à luz da didática, as várias metodologias que marcaram a educação musical brasileira, nos últimos 70 anos, através de figuras como Gazzi de Sá, Sá Pereira, Liddy Mignone, H . J . Koellreutter e Esther Scliar. Sem esquecer Villa-Lobos, um quase símbolo nos estudos e mística da professora Ermelinda Paz. O livro abrange propostas de pesquisa e de renovação do ensino musical, em discussão nos meios didáticos. No segundo - Villa-Lobos, Sôdade do Cordão - a presença da cultura popular é mais constante. Resume, mas esmiúça, o estudo da tentativa de revigoração do carnaval popular carioca, no ano de 1940, realizada por Villa-Lobos, buscando recuperar uma antiga modalidade de 'brincar' carnaval com instrumentos de percussão e cordas e as figuras dos índios, velhos, diabos e palhaços - que João do Rio bem descreveu em uma de suas crônicas e que Villa-Lobos conhecia por haver vivido aquela fase da festa popular. (...) Só o imenso prestígio de Villa-Lobos ao tempo conseguiria arrancar nos gabinetes oficiais as verbas necessárias para financiar a ressurreição de uma modalidade de carnaval, que no começo do século era espontânea, uma ação entre amigos. Passos e coreografias, fantasias e máscaras, personagens e figurações, tudo foi posto na rua, numa apresentação que rendeu, ao tempo, nas colunas da imprensa carnavalesca. Tudo recuperado com arte e esmero, para as apresentações no Carnaval de 1940. O mesmo se deu com a pesquisa: arte, dedicação e análise são prancheta, compasso e esquadro no trabalho feito por Ermelinda Paz Zanini. Tudo endossado por Turíbio Santos, diretor do Museu Villa-Lobos. Se não consagra, apenas exalta a brasilidade de Villa-Lobos, Sôdade do Cordão relembra uma imagem, uma faceta bonita do carnaval do passado. Se não consagra, o livro sobre o tema dignifica e reforça a imagem da professora Ermelinda Paz Zanini como grande pesquisadora e estudiosa da cultura popular e da arte/sensibilidade de Heitor Villa-Lobos". Francisco Duarte. Jornal do Commercio, Livro. Domingo, 12, e Seguna-feira, 13 de novembro de 2000.

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